sexta-feira, 15 de maio de 2009

Artigo do Açoriano Oriental do dia 15 de Maio de 2009

“AS FESTAS DO SENHOR”


Mais um ano passou e estamos de novo nas “Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres”.
Esta é a maior manifestação religiosa das nossas nove ilhas, movimentando muitos milhares de fiéis e atraindo muitos milhares de visitantes.
Por este motivo, a semana das festas é considerada uma semana “alta” no turismo de São Miguel.
A imagem do “Ecce Homo”, que tem muitos crentes na nossa ilha, é frequentemente visitada por grupos de turistas, no coro baixo da igreja de Nª Sª da Esperança.
É muito interessante ver a expressão dos turistas ao entrarem na referida sala, pois, mal vêm a imagem do Senhor, esboçam um sorriso muito ternurento e curioso. Essa expressão no rosto dos turistas transforma-se, apresentando depois com um aspecto muito calmo e apaziguado.
Mesmo não sendo crente do credo católico, é impossível ficar indiferente a tão bela imagem e à serenidade que nos transmite.
Todas as vezes que visitamos aquele espaço, vemos pessoas que oram em silêncio, sabe Deus porquê ou por quem, demonstrando o que os guias explicaram durante o seu trabalho quando falam da grande religiosidade do povo açoriano.
Este é um fenómeno indissociável da história dos Açores, pois foram muitas as vezes que as nossas gentes, não tendo como explicar os horrores da origem vulcânica das ilhas, mais não tinham do que acreditar em algo supremo que os protegesse.
Ao acreditarem em Deus protector, apaziguavam os seus temores!
O grande reconhecimento por graças concedidas, também está patente numa sala ao lado, onde se podem ver diversas capas, ricamente bordadas, para ricamente vestir o Senhor.
Bordadas a ouro, revestidas de pedras preciosas, ou ainda sem preciosidades, como a que foi oferecida pelo rei D. João V, feita com o mesmo tecido do seu manto real, todas demonstram a grandiosidade do Culto do Senhor Santo Cristo dos Milagres.
Como guia, gosto, sempre que posso, de visitar aquele espaço, onde juntamente com os turistas sou muito bem recebida pelas irmãs que sempre a sorrir nos abrem a porta.
Por tudo isso, vale a pena visitar as nossas ilhas e revisitar a nossa história.
Boas festas do Senhor para todos.

Ana Silva – Presidente Direcção A.G.I.R.A.
saouto@hotmail.com

sábado, 9 de maio de 2009

Artigo do Açoriano Oriental do dia 08 de Maio de 2009


TAMBÉM NOS PREOCUPAMOS COM O AMBIENTE

Nas nossas últimas mensagens, neste espaço, temos falado de muitos problemas que vêm acontecendo ao longo do ano, na nossa actividade de Guia Intérprete, por culpa de muitas entidades responsáveis que não têm feito o que delas se espera.
Desta vez, vamos alertar para outro tipo de problema, mas este a nível global, e certamente, ainda mais difícil de ultrapassar.
As ilhas dos Açores, têm-se deparado com um reduzido nº de dias de chuva durante os últimos meses do ano que passou e os primeiros meses deste ano de 2009.
Já se nota nas nossas ribeiras, tão apreciadas pelos turistas que nos visitam, o reduzido caudal ou até a inexistência dele.
Lembro algumas, que são verdadeiros “ex-libris” de alguns concelhos, como por exemplo a “Ribeira dos Caldeirões” no Concelho do Nordeste ou até mesmo a própria “Ribeira Grande”, cuja existência tanto tem a ver com a história da cidade que viu crescer nas suas margens, entre outras.
Também as nossas lagoas, acusam já a falta de chuva, oferecendo neste momento, autênticas praias e passeios pedestres em toda a volta das suas margens.
O baixo nível da água, em alguns casos até é assustadora, já para não falar no problema que será, se o tempo continuar assim, para as nossas pastagens, tendo em conta a importância que essa outra actividade económica tem para as nossas ilhas.
Será que poderemos continuar a chamar a ilha de São Miguel de “Ilha Verde”?
Esperemos que ainda antes deste Verão esta situação se inverta e que este problema não se agudize ainda mais.
A Associação de Guias Intérpretes Regionais dos Açores – A.G.I.R.A. está também sensível a este tipo de problemas, para além dos que são inerentes aos aspectos laborais da nossa classe, ou não fossemos nós os maiores defensores da beleza das nossas ilhas.
Esperemos que outras classes e a população em geral, esteja alerta para este problema, e utilize da melhor maneira possível este bem precioso, que tanto necessitamos para o nosso dia-a-dia e também para chamadas ilhas de “ Natureza Mágica “.
É verdade que, a maior parte das vezes desejamos sol para todas as nossas excursões, para que os turistas possam apreciar as nossas belezas naturais no seu esplendor máximo, mas também sabemos, que a bruma que convive connosco muitas vezes, não é nada mais, nada menos que o “sal da vida” destas mesmas belezas.
Alguns turistas, por vezes, até apreciam mais as nossas paisagens, quando cobertas de bruma!
São perspectivas diferentes de uma só realidade, inegavelmente bela.

Ana Silva – Presidente da Direcção da AGIRA
saouto@hotmail.com

sábado, 2 de maio de 2009

Artigo Açoriano Oriental Novembro 2008

NOVOS PONTOS DE INTERESSE NAS ILHAS – 6 (FLORES E CORVO)

Após termos revisto os novos pontos de interesse nas 5 ilhas do grupo central dos Açores, dedicamo-nos hoje ao que há de novo o ocidente, nas ilhas das Flores e Corvo. Embora estas ilhas, tradicionalmente, tenham estado afastadas dos fluxos turísticos principais, aos poucos a situação começa a mudar, com os principais operadores turísticos nacionais a começarem a propor Circuitos até estas ilhas. A recuperação do terminal do aeroporto das Flores, a construção de um novo hotel de quatro estrelas, a inaugurar brevemente, em Santa Cruz; o surgimento de uma Pousada no Corvo; a aquisição de uma lancha para a ligação entre ambas as ilhas (que, contudo, parece pecar pela reduzida capacidade – 12 passageiros apenas) são, entre outros, contributos importantes ao desenvolvimento do turismo nestas duas ilhas.


Flores:
• Casa Pimentel Mesquita: Outrora núcleo do Museu das Flores, esta casa, sofreu obras de vulto e foi adaptada a Biblioteca Pública, tendo aberto as suas portas no passado mês de Outubro; É um novo ponto de interesse, pois além da sua função actual, corresponde a um dos edifícios mais antigos da Vila de Santa Cruz, onde em tempos viveram governadores da ilha, sendo agora integralmente visitável;

• Centro Cultural e Ambiental do Boqueirão: Embora ainda se encontre em obras, devendo contudo ser inaugurado a breve prazo, este é um Núcleo museológico, sendo intenção que se transforme em exposição permanente sobre a actividade baleeira na ilha. Correspondeu á adaptação da antiga Fábrica da Baleia do Boqueirão, uma das maiores e mais representativas dos Açores, mas inclui a requalificação de toda a área exterior envolvente desta fábrica (e do hotel, em construção) incluindo a criação de um centro interpretativo nos antigos tanques do óleo, para revitalizar uma zona com excelentes vistas e potencial, mas que se encontrava até agora degradada.

• “Túmulo” do Pirata: não sendo uma novidade, é um marco muito pouco conhecido e perpetua a lembrança de uma das mais insólitas personalidades nascidas nos Açores. António de Freitas, natural das Flores, onde nasceu em finais do século XVIII, partiu para a China e dedicou-se a causas pouco nobres, como a pirataria, tráfico de ópio e tráfico de crianças pagãs. Terá sido dos piratas mais temidos do Extremo Oriente. Fez fortuna mas ao sentir-se ameaçado, resolveu regressar a ilha, ao Mosteiro, onde foi um benemérito (mandou construir a Igreja da S.ma Trindade, por exemplo). Pareceria reintegrado nos pacatos hábitos locais e talvez já poucos se lembrariam do seu passado quando ele próprio fez questão de o perpetuar – ainda em vida, mandou construir o seu próprio túmulo no cemitério, e nele gravar nada mais do que uma caveira e duas tíbias, o símbolo da pirataria. Este túmulo ainda pode ser visitado, no Cemitério do Mosteiro.

Corvo:
• Centro de Interpretação Ambiental e Cultural do Corvo: Inaugurado recentemente, embora ainda não em funcionamento pleno, este Centro pretende preservar a cultura da ilha e dar a conhecer “as diferentes cores, as mil e uma formas e os vários ritmos de vida” da mais pequena ilha do arquipélago. Este Centro pretende fazer um cruzamento entre os valores culturais e ambientais da ilha. Quando completo, o projecto pretende incluir zonas de exposição permanente e temporária, mediateca e oficina (apoio a actividades de campo).


Luís Daniel
luismanueldaniel@sapo.pt
Empresário e Guia-Intérprete Regional

Artigo Açoriano Oriental dia 06 Março 2009

ROMARIAS QUARESMAIS E O TURISMO

As Romarias Quaresmais não são um atractivo turístico, nem os Romeiros têm tal nos seus objectivos. Todavia, até o são porquanto, ao virem Ranchos de Romeiros dos Estados Unidos, Canada ou, eventualmente um dia, quem sabe, de outras paragens, estão a fazer o chamado “Turismo Religioso”.
Assim, os nossos Irmãos Romeiros, também dão indirectamente o seu contributo para o desenvolvimento turístico da nossa Ilha de São Miguel, e divulgam os Açores.
Por outro lado, nenhum turista que nos visite durante o Tempo Quaresmal, ficará alheio ao passar por um Rancho de Romeiros, mesmo que vá conduzindo a sua viatura de aluguer. Muito menos ficarão os Guias que lideram um grupo de turistas e terão, obrigatoriamente, de referir tal manifestação de Fé do nosso Povo. Deste modo, conscientes de que tal irá acontecer, têm de se munir dos conhecimentos mínimos para explicar o que são as Romarias Quaresmais.
Todas estas referências são baseadas na minha experiência de Guia Intérprete e também de Romeiro. O entusiasmo que ponho ao descrever as Romarias levou já, há alguns anos, um jovem sueco, “tour líder” de um grupo de turistas que nos visitaram no verão, a vir de propósito do seu país para integrar um daqueles Ranchos. Segundo ele, foi uma experiência de tal ordem enriquecedora que muito anseia repetir.
Na verdade, é algo que não é fácil explicar. Não sendo os homens na religião Cristã os mais praticantes, mesmo na nossa Ilha de São Miguel, como podem várias centenas de homens, na sua grande maioria jovens e mesmo crianças, deixar tudo, conforto, liberdade de acção, etc. e, durante uma semana inteira, andar com uma “saca” pesada às costas, bordão numa mão e rosário na outra, coberto com um xaile e lenço ao pescoço?
São as Romarias, deste modo, uma forte demonstração do espírito de sacrifício e de abnegação das nossas gentes. Mas, estas palavras de abnegação e de espírito de sacrifício, não as atribuo apenas as Romeiros participantes nos Ranchos. Já imaginaram um casal de idosos, em casa pequena, de gente humilde, oferecerem aos Romeiros para pernoita o seu quartinho, mesmo junto à cozinha e à entrada da porta da rua, e subirem a custo uma escada para irem dormir para o sótão? É uma cena que me arrepia e que já verifiquei cerca de dez anos, na Freguesia das Sete Cidades! E quantas outras cenas de “Amor ao Próximo” já tive eu, como todos os Romeiros, oportunidade de testemunhar!
Bem hajam todos aqueles que mantêm viva esta rica tradição, que não pode deixar de ser de inspiração divina.

Manuel Oliveira
Guia Intérprete Regional
Secretário da AGIRA
oliveiracorisco@sapo.pt

Artigo Açoriano Oriental dia 27 Fevereiro 2009

T.G.V. - TURISMO A GRANDE VELOCIDADE
A nível nacional, muito se tem discutido sobre a viabilidade, rentabilidade, custos e operacionalidade do TGV. Pois esta já é uma realidade em São Miguel.
Certos Operadores Turísticos Nacionais e Regionais, com o intuito do lucro fácil, organizam “programas relâmpago” de visita à Ilha de São Miguel, cujos clientes, embora visitando a Ilha na sua totalidade, ficam com uma carga de canseira demasiado grande para poderem apreciar convenientemente as nossas belezas naturais.
Dizem-nos que regressam de férias mais exaustos, e que não era isso que esperavam no final de umas férias.
Exemplificando:
Sair de Ponta Delgada para efectuar um circuito de dia inteiro ao Nordeste, incluindo visita ao Vale das Furnas, com passagem pelo bonito “Parque Terra Nostra” (a grande velocidade), visita às fumarolas ( a gran…vel…), ir até à margem norte da Lagoa das Furnas ver retirar o famoso cozido e almoçar na Freguesia ( a gran…vel…), para de seguida tomar o autocarro por forma a completar a segunda parte do circuito.
Imaginemos agora, quem poderá ser capaz de prestar atenção à paisagem que se segue, muito menos poderá ser capaz de prestar atenção às explicações do guia, depois de um manjar, como é o nosso cozido, por vezes bem regado.
Embora alguns, prefiram uma breve soneca, esta também tem de ser a grande velocidade, pois após 15 minutos de viagem têm de parar na Vila da Povoação.
Esta paragem tem de ser feita, mais uma vez, a grande velocidade, pois o Nordeste ainda é longe e o tempo para o “xixi” ocupa os 15 minutos programados para a mesma.
Não resta tempo, para apreciar o artesanato local, nem para comprar as famosas “fofas”.
Continuando a viagem, aí pelas 15horas, ( a gran…vel…), segue-se para o bonito Concelho do Nordeste, com todo o seu potencial de paisagens naturais.
Os diversos miradouros, ficam reduzidos a apenas um, que é visitado a grande velocidade. Restam uns 15 minutos para atravessar a pé o centro histórico da Vila do Nordeste, uma vez que não são autorizadas viaturas pesadas no centro.
Novamente a grande velocidade, mas finalmente já, na parte Norte de São Miguel, ruma-se até à “Ribeira dos Caldeirões”.
Esta paragem que poderia absorver mais de 40 minutos (para usar os sanitários, o bar, a loja de artesanato, os moinhos e as cascatas) é feita no máximo em 30 minutos.
Em alguns casos, ainda há operadores que incluem uma subida ao Salto do Cavalo, ( a gran…vel…), seguida de visita às plantações de chá ( a gran…vel…) e, parecendo que não, já serão na melhor das hipóteses, e se tudo correu bem, 18h30m .
Muitas vezes, depois de toda esta correria, fica ainda para trás o muito apreciado “Miradouro de Santa Iria”.
Finalmente, ( a gran…vel…), chegados ao hotel em Ponta Delgada, com os clientes completamente “estafados”, é-lhes recomendado um banho também a grande velocidade, pois o jantar tem hora marcada.
Pergunta-se agora:
Quem, nestas condições, tem capacidade para apreciar convenientemente o quanto lhe foi oferecido neste passeio de dia inteiro, que supostamente deveria terminar por volta das 17h30/ 18h00?
Enquanto há produtos que são “dois em um”, São Miguel por vezes é um produto
“ três em um” daí, sermos pioneiros no T.G.V.- Turismo a Grande Velocidade.
A Direcção da A.G.I.R.A.
Agira9@hotmail.com

Artigo Açoriano Oriental dia 23 Janeiro 2009

“ÁGUA SULFUROSA” EM PEDRA DURA, TANTO BATE ATÉ QUE FURA

Foi com alegria que tomei conhecimento de que, FINALMENTE esta semana se deram inicio aos trabalhos de alargamento da via pública, junto às fumarolas das Furnas.
A tão frequentada paragem, não só dos autocarros das carreiras, como também dos autocarros de turismo, tornava-se um grande inconveniente sempre que era utilizada na entrada e saída de passageiros.
Pelo facto da via ser muito estreita, o trânsito ficava condicionado, provocando alguns dissabores entre a população local e até algumas intervenções por parte da polícia.
Foram feitas várias diligências no sentido de alertar as edilidades locais para a importância desta paragem, no contexto turístico das Furnas.
Tratando-se de um dos pontos mais interessantes deste Vale, é simultaneamente um dos pontos mais visitados da Ilha de São Miguel. Achei sempre, por isso, inadmissível e incompreensível a falta de visão dos responsáveis, locais e municipais.
Também houve excesso de zelo por parte de algumas entidades policiais da zona, não compreendendo que a cada vez maior afluência de turistas, alguns de idades respeitosas, com problemas de locomoção, demoram por isso, mais tempo a subir e descer os degraus do autocarro.
As minhas reclamações já vem de longe, remontando mesmo a câmaras anteriores com cores partidárias diferentes.
Uma das respostas mais inconcebíveis da anterior Câmara foi que: “ todos os arruamentos foram desenhados por um arquitecto e teriam por isso de se manter”.
Após tal resposta, e porque não me satisfez, continuei a diligenciar vários contactos pessoais com a actual Câmara e Junta de Freguesia das furnas, com quem tenho excelentes relações pessoais.
Estes, tendo outra visão do problema, compreenderam a necessidade de tal intervenção.
A primeira demonstração de boa vontade, foi a remoção dos vasos de flores alguns metros, permitindo assim minimizar o congestionamento devido ao grande fluxo que se verifica em determinadas horas do dia, principalmente após o delicioso manjar do “Cozido das “Furnas”.
A nossa “Agua Azeda” convida, pelo facto de ser um óptimo “digestivo”, recomendado após a famosa refeição.
Com estas breves palavras, quero, apenas, agradecer publicamente à Junta de Freguesia das Furnas, em particular ao seu Presidente Sr. Delmar Carvalho e ao Presidente da Assembleia Sr. António José Carvalho, que chamaram a si a execução da obra.

Bem hajam, a bem do turismo com qualidade nos Açores.

António Rebelo – Vice Presidente da AGIRA
Cu2hja@sapo.pt

Artigo Açoriano Oriental dia 27 de Março 2009

AÇORES – 9 ILHAS EM FLOR


A meados da década de 80, a Direcção Regional de Turismo instituiu um concurso denominado “Açores – 9 Ilha em flor”, que tinha como objectivo incentivar as pessoas a cuidarem dos seus jardins e varandas e ganharem o culto pela flor.
Foi, em nosso entender, uma excelente iniciativa, que se repetiu por quatro anos e ganhou muitas atenções, constituindo por isso uma mais valia para as nossas Ilhas que, nomeadamente na Primavera, se apresentaram bastante mais floridas.
Como todas as coisas teve o seu final, mas estamos convictos de que algo de positivo ficou, principalmente nas pessoas, e muitas foram, que dispensaram atenção ao convite da DRT.
No primeiro ano, o júri de avaliação para cada uma das Ilhas, constituído por cinco pessoas com conhecimentos diferenciados, percorreu estradas e caminhos para atingir os seus objectivos, logo se concluindo que tal não era tarefa fácil. Como inovação, no segundo ano, as pessoas eram solicitadas a inscrever-se na Junta de Freguesia da sua residência, e eram estes então objecto da visita do júri.
Escolhidos os vencedores, procedia-se, em data anunciada, à distribuição dos respectivos prémios, e era cerimónia que tinha lugar nas Câmaras Municipais, conferindo-se assim dignidade ao acto.
Vem isto a propósito de algumas conclusões que temos tirado ao deambular pela nossa Ilha de São Miguel, sempre atentos a estes e outros pormenores da nossa paisagem.
E, lamentavelmente, concluímos que, se por um lado existem muitas flores nesta época do ano, em contrapartida há zonas da Ilha que já não são o que foram há duas ou três décadas.
No concreto, o nosso Concelho do Nordeste, com toda a sua actual beleza paisagística, perdeu muitos dos seus pequenos recantos de estrada, que se apresentavam repletos de azáleas, rosas vermelhas e outras flores da estação.
Não ignoramos os custos de tal manutenção, mas faz-nos pena. Sabemos que são muitas vezes as vacas desgovernadas que causam prejuízos nos jardins, mas não está certo, e temos dúvidas se alguém se ocupa com a vigilância.
Temos saudades dos tempos dos “Cantoneiros”, homens que muito se orgulhavam do trabalho que faziam, e que testemunhamos.
Enfim, são os dias de hoje, que não são iguais aos de ontem, e fazemos votos para que os de amanhã sejam melhores, neste como noutros aspectos.
Não posso terminar este escrito sem referir um “lindo” pequeno jardim que admirei recentemente, embora de relance, na Freguesia de Ponta Garça, mesmo quase a chegar à subida da Gaiteira. Fronteiro a uma casa modesta, recuada, embora na minha caminhada de Romeiro, não pude deixar de admirar a profusão de flores, com predominância de rosas, e não me contive num gesto breve de admiração, bem recebido pelas residentes, que se encontravam à porta da casa. Bem hajam pelo seu trabalho.!

Manuel Oliveira
Guia Intérprete Regional
Secretário da Agira
oliveiracorisco@sapo.pt

Artigo Açoriano Oriental dia 01 Abril 2009

OS MOINHOS DE VENTO NA PAISAGEM MICAELENSE

Nos séculos XVIII e XIX foram construídos, basicamente no concelho de Ponta Delgada, vários moinhos de vento do tipo flamengo, atendendo a que ao contrário dos outros concelhos da ilha, não existiam cursos de água permanentes que possibilitassem o uso de moinhos movidos a água.
Aquelas estruturas de moagem foram engenhos valiosos para os habitantes das nossas ilhas, localizando-se em pontos altos, estratégicos, para aproveitamento dos ventos de feição.
Com o andar dos tempos e com o aparecimento de novas fontes de energia, foram ultrapassados, mas constituem ainda hoje uma marca na nossa paisagem campestre.
Lamentavelmente, praticamente todos no concelho de Ponta Delgada encontram-se em ruínas, salvo alguns exemplos de má ou incompleta recuperação, e em outros casos utilizados para fins diferentes, aos quais não me oponho.
Destaca-se destes casos o moinho de vento da “Tia Faleira”, na Freguesia da Fajã de Cima, que foi recuperado na sua traça original, exterior e interiormente, pela Junta de Freguesia, utilizando apoios comunitários e da Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Este moinho, inaugurado em Dezembro de 2001, esteve em funcionamento durante dois anos, falecendo entretanto o moleiro, Tio Manuel Melo que o tinha à sua guarda, não encontrando a Junta de Freguesia até à data, pessoa com conhecimentos na matéria e características para o substituir.
Reconheço que a localização deste, não é aquela que mais chama à atenção dos transeuntes das nossas estradas, mas vai ser devidamente sinalizado. Em contrapartida, aquando da sua recuperação, foi valorizado com a construção de um miradouro do qual se pode abarcar a panorâmica desde Ponta Delgada à Ponta da Galera na Caloura.
O interesse dos moinhos é reconhecido a nível mundial e assinalado o seu dia a 7 de Abril. Naquela data a Junta de Freguesia da Fajã de Cima, em colaboração com a A.G.I.R.A., irá manter o moinho aberto, entre as dez e as 17 horas. Haverá elementos trajados à moda antiga, serão servidos licores regionais e outras iguarias tradicionais.
Deixo o convite a todas as pessoas interessadas em visitar o moinho no próximo dia 7, e faço um apelo aos recepcionistas dos estabelecimentos hoteleiros, condutores de táxi e agentes de viagem a passarem a informação. O convite é extensivo aos habitantes da freguesia da Fajã de Cima, que se devem orgulhar daquela estrutura única na ilha.
Voltando ao interesse paisagístico deste elemento, lembro-me que, no tempo do anterior Governo Regional, foi criada uma Comissão na Assembleia Legislativa Regional, para a inventariação dos moinhos de vento e estudo da recuperação, pelo menos exterior, de alguns deles. Infelizmente sei que, mais tarde, os moinhos foram inventariados, mas a reabilitação, mesmo no aspecto exterior, não chegou a acontecer.
Daqui deixo o meu apelo às Entidades com responsabilidade em matéria de turismo e cultura, para retomarem o processo, já que o valor dos moinhos de vento e de água ultrapassa o interesse turístico porque são ao mesmo tempo históricos e constituem um elemento importante da nossa cultura.

Manuel Oliveira
Secretário da AGIRA – Guia Intérprete Regional
oliveiracorisco@sapo.pt

Artigo Açoriano Oriental dia 17 Abril 2009

ALERTA

A actividade diária de guia-intérprete obriga a uma pesquisa incessante. Assim, na tentativa e obrigação de prestar um serviço cada vez melhor, e com uma informação cada vez mais fidedigna, há que recorrer muitas vezes às novas tecnologias. Numa destas pesquisas, deparei-me com uma situação, ocorrida em Espanha, que se pode considerar no mínimo confrangedora.
Através de um vídeo publicado no site www.youtube.com, descobri que em Madrid são oferecidos passeios temáticos gratuitos aos turistas transeuntes. A palavra “gratuito” chama desde logo a atenção. Não só ao turista, pois é-lhe prestado um serviço pelo qual não tem de pagar, como também às próprias agências de viagem, vitimas de concorrência no mínimo desleal, como ainda, e sobretudo, aos guias certificados, que são directamente atacados na sua profissão.
Numa segunda análise, nem o turista tem algo a ganhar. Bem pelo contrário, só a gastar! As “gorjetas” que, por norma, são um sinal de satisfação do cliente pelo serviço que lhe é prestado, funcionam neste caso como o “ganha-pão” desta actividade ilegal e paralela. E quanto à informação? Será correcta? Será correcta e/ou verdadeira? Será dada de uma forma contextualizada? Não me parece, pois estas são questões com que só os verdadeiros profissionais do ramo têm conhecimento suficiente para se preocupar. Assim o turista dá a “gorjeta”, aquela que sustenta o dito “guia-intérprete” porque pronto… é da praxe! E assim vão alguns ganhando a vida a oferecer serviços que não poderiam nem deveriam ser oferecidos.
E se alguém se lembrasse de fazer o mesmo aqui nos Açores? Oferecer visitas gratuitas às Sete Cidades ou às Furnas não seria muito viável, seria necessário um meio de transporte colectivo, uma carrinha, um jipe ou um carro privado, todos sem a devida licença, claro está. Isto por um lado, porque pelo outro a gorjeta talvez não fosse suficiente para pagar o combustível e, ainda ter lucro.
Mas se pensarmos em visitas aos centros históricos, museus, monumentos nacionais ou sítios classificados, o caso já é outro e bem diferente, dada a possibilidade de alguns poderem ser visitados gratuitamente.
Daí a importância de realçar o serviço prestado por um guia intérprete certificado. Neste contexto, convém referir que numa mensagem de correio electrónico, posta a circular entre os associados do S.N.A.T.T.I (Sindicato Nacional da Actividade Turística, Tradutores e Intérpretes) é referida a acção da ASAE, que no serviço das suas actividades de fiscalização, instaurou 130 processos de contra-ordenação por falta de acompanhamento de guia-intérprete, número esse que tem vindo a crescer desde 2006 até ao ano passado.
Esta fiscalização, que nos Açores pode até pecar por tardia, é uma atitude a nosso ver louvável, e que funciona não só como o garante da profissão de guia-intérprete, como também como solução para a promoção do nosso Arquipélago como destino turístico de qualidade.
A bem do Turismo nos Açores,

Hugo Paula - Guia Intérprete Regional Açores
Vogal da Direcção da AGIRA - hugo.mendes.paula@gmail.com

Artigo Açoriano Oriental dia 01 Maio 2009

CONSIDERAÇÕES SOBRE O TURISMO QUE PRATICAMOS!

Durante estas últimas semanas, tivemos um fluxo turístico bastante interessante na ilha de São Miguel, devido à paragem de alguns dos maiores navios de cruzeiro do mundo.
Os Açores são visitados por estes “Senhores dos Mares”, principalmente durante a Primavera e o Outono coincidindo com a passagem do hemisfério Sul para o hemisfério Norte, ou vice-versa em busca da estação estival mais procurada pelos turistas – o Verão.
O nosso arquipélago é de uma beleza inigualável, e por isso, frequentemente ouvimos frases como: “este é o lugar mais bonito que visitei”, proferidas pelos turistas.
Este aumento do número de paragens deve-se, em grande parte ao esforço feito pelos nossos agentes de viagens que, contra tudo e contra todos, têm desenvolvido um esforço muito louvável, a pensar na divulgação das nossas ilhas, trabalhando ao mesmo tempo , em prol de todos os açorianos.
Pena é que, por outro lado, os nossos comerciantes que tanto se queixam da crise, não tirem partido desse esforço, e teimem em estar fechados nos dias em que podiam fazer negócio e recuperar da crise que tanto apregoam.
Por outro lado, ainda vemos muitas instalações públicas que não servem, nem os locais, quanto mais um número grande de visitantes quando estes aqui passam.
Refiro-me mais uma vez a muitas casas de banho que, ou estão imundas e impróprias, ou pura e simplesmente ainda não existem.
Os profissionais que acompanham os turistas, também se têm deparado com situações muito tristes, quando chega à altura da conversão da moeda por parte dos comerciantes, que praticam autênticos roubos, em nada abonatórios, para a nossa terra, prejudicando quem trabalhou mais de um ano com o intuito de receber os turistas da melhor forma possível.
Alguns dos locais, tradicionalmente visitados, para ver e comprar produtos tradicionais açorianos, também se têm “baldado” ao bem servir. Parece que estão a fazer um “frete”, mostrando-se bastante desinteressados e descurando na apresentação das suas lojas e produtos.
Continuando assim, os agentes de viagens vão começar a ter tantas reclamações, até que esta situação se altere ou até novos espaços comecem a aparecer. E, vejam lá, segundo dizem estamos em ano de crise, imaginem se não estivéssemos. Se calhar após receberem alguns subsídios para mostrar o que é açoriano, até fechavam a porta.
Outro dos problemas com que se têm deparado os agentes de viagens, é a falta de profissionais certificados para acompanharem os turistas que desejam efectuar excursões, recorrendo a inúmeros “curiosos”, alguns estrangeiros, demonstrando, a já tão falada necessidade de formação neste sector.
Não podemos continuar a consentir a “anarquia” com que se vive nesta actividade.
Se queremos desenvolver um “turismo sustentável”, esta situação tem de mudar e todos teremos de trabalhar em conjunto.
Esta foi uma das conclusões a que se chegou no final do 3º Workshop da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional, que aconteceu na passada segunda feira na Universidade dos Açores em Ponta Delgada, com o apoio de várias entidades entre as quais o Observatório Regional do Turismo.
Agentes de viagens, autarcas, responsáveis governamentais, guias, condutores, comerciantes e população em geral, unamo-nos em prol de um desenvolvimento sustentado dos Açores.
A bem do turismo com qualidade nos Açores!


Ana Silva – Presidente da Direcção da A.G.I.R.A.
saouto@hotmail.com

Artigo Açoriano Oriental dia 10 Abril 2009

O.V.G.A. –Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores

A Ilha de São Miguel, dispõe desde Setembro de 2006 de um espaço muito interessante, que tem como finalidade esclarecer e aproximar a ciência, à população em geral.
O Observatório Vulcanológico e geotérmico dos Açores – O.V.G.A., insere-se num conjunto de iniciativas que pretendem criar o gosto pelo conhecimento da cultura cientìfica e tecnológica, nos mais jovens.
Está também ao serviço dos açorianos, e de todos os turistas que o queiram visitar.
Como o próprio nome indica, destacam-se no interior as representações dos fenómenos ligados ao vulcanismo e todos os aspectos que lhe estão associados.
Através das explicações do Técnico local, ficamos também a saber como todos os elementos geológicos interagem e influenciam a nossa vida.
Podemos assim compreender melhor, a postura que os açorianos têm perante a “sua geografia” e como se habituaram a conviver com a mesma.
Depois de uma visita, ficamos a saber, por exemplo, a idade geológica das nossas ilhas, porque acontecem os sismos, como funciona um aparelho vulcânico ou como se formaram as nossas ilhas.
Durante séculos, julgou-se erradamente, que os cataclismos naturais eram o castigo, resultante da ira de Deus.
Hoje, felizmente temos a ciência ao nosso dispôr para explicar como tudo acontece. Só temos de usufruir dela.
No Observatório, existe uma interessante galeria de pinturas de artistas açorianos, que retratam algumas erupções dos Açores, pois após vários estudos, é possível saber como aconteceram.
Pode ver-se por exemplo a última erupção que aconteceu na margem sul da Lagoa do Fogo em 1563, a formação de alguns mistérios da Ilha do Pico, o vulcão da Urzelina em 1808 ou ainda o aparecimento e desaparecimento da Ilha Sabrina, no extremo ocidental de São Miguel não esquecendo o vulcão dos Capelinhos 1957/58, que marcou tanto a história da Ilha do Faial num passado tão recente, fenómeno estudado e visitado pela comunidade científica internacional.
Para além destas representações, pode-se ainda ouvir sons reais de vulcões ao passar através de um tunel lávico, ver alguns vulcões do mundo e finalmente ficar a conhecer as rochas. A sua utilização no dia-a-dia de todos, é muito mais do que imaginamos.
Existe uma grande inter-relação com todas as rochas que nos rodeiam, muitas delas “vomitadas” pelos vulcões.
O observatório é dirigido pelo Dr. Victor Hugo Forjaz, reconhecido estudioso dos fenómenos vulcânicos, membro da Academia das Ciências e situa-se na Vila de Lagoa, na Avenida Vulcanológica - Atalhada, Rosário.

VISITE O OBSERVATÓRIO – VALE A PENA

Ana silva – Guia Intérprete Nacional
saouto@hotmail.com