sábado, 2 de maio de 2009

Artigo Açoriano Oriental dia 01 Abril 2009

OS MOINHOS DE VENTO NA PAISAGEM MICAELENSE

Nos séculos XVIII e XIX foram construídos, basicamente no concelho de Ponta Delgada, vários moinhos de vento do tipo flamengo, atendendo a que ao contrário dos outros concelhos da ilha, não existiam cursos de água permanentes que possibilitassem o uso de moinhos movidos a água.
Aquelas estruturas de moagem foram engenhos valiosos para os habitantes das nossas ilhas, localizando-se em pontos altos, estratégicos, para aproveitamento dos ventos de feição.
Com o andar dos tempos e com o aparecimento de novas fontes de energia, foram ultrapassados, mas constituem ainda hoje uma marca na nossa paisagem campestre.
Lamentavelmente, praticamente todos no concelho de Ponta Delgada encontram-se em ruínas, salvo alguns exemplos de má ou incompleta recuperação, e em outros casos utilizados para fins diferentes, aos quais não me oponho.
Destaca-se destes casos o moinho de vento da “Tia Faleira”, na Freguesia da Fajã de Cima, que foi recuperado na sua traça original, exterior e interiormente, pela Junta de Freguesia, utilizando apoios comunitários e da Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Este moinho, inaugurado em Dezembro de 2001, esteve em funcionamento durante dois anos, falecendo entretanto o moleiro, Tio Manuel Melo que o tinha à sua guarda, não encontrando a Junta de Freguesia até à data, pessoa com conhecimentos na matéria e características para o substituir.
Reconheço que a localização deste, não é aquela que mais chama à atenção dos transeuntes das nossas estradas, mas vai ser devidamente sinalizado. Em contrapartida, aquando da sua recuperação, foi valorizado com a construção de um miradouro do qual se pode abarcar a panorâmica desde Ponta Delgada à Ponta da Galera na Caloura.
O interesse dos moinhos é reconhecido a nível mundial e assinalado o seu dia a 7 de Abril. Naquela data a Junta de Freguesia da Fajã de Cima, em colaboração com a A.G.I.R.A., irá manter o moinho aberto, entre as dez e as 17 horas. Haverá elementos trajados à moda antiga, serão servidos licores regionais e outras iguarias tradicionais.
Deixo o convite a todas as pessoas interessadas em visitar o moinho no próximo dia 7, e faço um apelo aos recepcionistas dos estabelecimentos hoteleiros, condutores de táxi e agentes de viagem a passarem a informação. O convite é extensivo aos habitantes da freguesia da Fajã de Cima, que se devem orgulhar daquela estrutura única na ilha.
Voltando ao interesse paisagístico deste elemento, lembro-me que, no tempo do anterior Governo Regional, foi criada uma Comissão na Assembleia Legislativa Regional, para a inventariação dos moinhos de vento e estudo da recuperação, pelo menos exterior, de alguns deles. Infelizmente sei que, mais tarde, os moinhos foram inventariados, mas a reabilitação, mesmo no aspecto exterior, não chegou a acontecer.
Daqui deixo o meu apelo às Entidades com responsabilidade em matéria de turismo e cultura, para retomarem o processo, já que o valor dos moinhos de vento e de água ultrapassa o interesse turístico porque são ao mesmo tempo históricos e constituem um elemento importante da nossa cultura.

Manuel Oliveira
Secretário da AGIRA – Guia Intérprete Regional
oliveiracorisco@sapo.pt

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