sábado, 2 de maio de 2009

Artigo Açoriano Oriental dia 27 Fevereiro 2009

T.G.V. - TURISMO A GRANDE VELOCIDADE
A nível nacional, muito se tem discutido sobre a viabilidade, rentabilidade, custos e operacionalidade do TGV. Pois esta já é uma realidade em São Miguel.
Certos Operadores Turísticos Nacionais e Regionais, com o intuito do lucro fácil, organizam “programas relâmpago” de visita à Ilha de São Miguel, cujos clientes, embora visitando a Ilha na sua totalidade, ficam com uma carga de canseira demasiado grande para poderem apreciar convenientemente as nossas belezas naturais.
Dizem-nos que regressam de férias mais exaustos, e que não era isso que esperavam no final de umas férias.
Exemplificando:
Sair de Ponta Delgada para efectuar um circuito de dia inteiro ao Nordeste, incluindo visita ao Vale das Furnas, com passagem pelo bonito “Parque Terra Nostra” (a grande velocidade), visita às fumarolas ( a gran…vel…), ir até à margem norte da Lagoa das Furnas ver retirar o famoso cozido e almoçar na Freguesia ( a gran…vel…), para de seguida tomar o autocarro por forma a completar a segunda parte do circuito.
Imaginemos agora, quem poderá ser capaz de prestar atenção à paisagem que se segue, muito menos poderá ser capaz de prestar atenção às explicações do guia, depois de um manjar, como é o nosso cozido, por vezes bem regado.
Embora alguns, prefiram uma breve soneca, esta também tem de ser a grande velocidade, pois após 15 minutos de viagem têm de parar na Vila da Povoação.
Esta paragem tem de ser feita, mais uma vez, a grande velocidade, pois o Nordeste ainda é longe e o tempo para o “xixi” ocupa os 15 minutos programados para a mesma.
Não resta tempo, para apreciar o artesanato local, nem para comprar as famosas “fofas”.
Continuando a viagem, aí pelas 15horas, ( a gran…vel…), segue-se para o bonito Concelho do Nordeste, com todo o seu potencial de paisagens naturais.
Os diversos miradouros, ficam reduzidos a apenas um, que é visitado a grande velocidade. Restam uns 15 minutos para atravessar a pé o centro histórico da Vila do Nordeste, uma vez que não são autorizadas viaturas pesadas no centro.
Novamente a grande velocidade, mas finalmente já, na parte Norte de São Miguel, ruma-se até à “Ribeira dos Caldeirões”.
Esta paragem que poderia absorver mais de 40 minutos (para usar os sanitários, o bar, a loja de artesanato, os moinhos e as cascatas) é feita no máximo em 30 minutos.
Em alguns casos, ainda há operadores que incluem uma subida ao Salto do Cavalo, ( a gran…vel…), seguida de visita às plantações de chá ( a gran…vel…) e, parecendo que não, já serão na melhor das hipóteses, e se tudo correu bem, 18h30m .
Muitas vezes, depois de toda esta correria, fica ainda para trás o muito apreciado “Miradouro de Santa Iria”.
Finalmente, ( a gran…vel…), chegados ao hotel em Ponta Delgada, com os clientes completamente “estafados”, é-lhes recomendado um banho também a grande velocidade, pois o jantar tem hora marcada.
Pergunta-se agora:
Quem, nestas condições, tem capacidade para apreciar convenientemente o quanto lhe foi oferecido neste passeio de dia inteiro, que supostamente deveria terminar por volta das 17h30/ 18h00?
Enquanto há produtos que são “dois em um”, São Miguel por vezes é um produto
“ três em um” daí, sermos pioneiros no T.G.V.- Turismo a Grande Velocidade.
A Direcção da A.G.I.R.A.
Agira9@hotmail.com

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